Theo tem epidermólise bolhosa, uma doença rara que causa bolhas na pele e mucosas. O voo atrasou mais de duas horas e só decolou após a liberação de um médico da Infraero, que teve que improvisar um atestado às pressas. Todos os passageiros ficaram revoltados

Era para ser um voo normal de volta para a casa. A coreógrafa Deborah Colker, sua filha Clara, o genro Peu Fulgencio e o neto Theo, 3 anos, embarcaram no avião da GOL no aeroporto de Salvador (BA) com destino ao Rio de Janeiro na tarde desta segunda (19). Tudo parecia bem, até que um funcionário da empresa aérea se aproximou de Clara e perguntou se ela tinha atestado de um médico sobre o seu filho.

Theo tem uma doença genética rara chamada epidermólise bolhosa, que causa bolhas na pele e não é contagiosa. Na ausência de um atestado, os funcionários da GOL pediram a presença de um médico da Infraero.

A atitude dos comissários provocou a revolta de outros passageiros. Quando o médico chegou, Clara contou que o filho tinha epidermólise bolhosa. Mesmo depois de o médico se dirigir ao comandante do voo afirmando que a doença não era contagiosa, ele exigiu um atestado improvisado. O voo atrasou mais de 2 horas.

Pelo Facebook, Clara desabafou e ganhou o apoio de amigos. O texto foi compartilhado por Deborah. Veja a íntegra:

"Estava sentada ao lado da minha mãe e do meu filho dentro do avião. Um funcionário me perguntou: você tem atestado? Falei: do quê? Do médico sobre a criança. Apontando na cara do meu filho. Falei: ele esta bem, tem um problema genético, sou mãe dele e responsável por ele. Insatisfeito, o cara foi até a cabine. Voltou uma mulher funcionária. O constrangimento começou. Falei em tom ja ríspido. Ele é o meu filho, tem EB e não tem problema nenhum em viajar, sua doença não é contagiosa e ele está bem. Ja viajei inúmeras vezes com ele para dentro e fora do Brasil. Nunca passei por isso. Basta olhar para mim, para o pai e para a avó, que vivem agarrados nele e não têm nada. Falei para Peu filmar o que ela ia dizer. Na hora, ela disse que não falaria se fosse filmada e que não podemos filmar. Neste momento, uma mulher a 3 filas de distância grita para mim: chama o Ministério Público! Isso é preconceito e discriminação! Comecei a chorar. O Theo vendo isso tudo. Surreal. A funcionária saiu. Ficou 10 minutos fora. Jurava que o avião seguiria viagem e ainda falei, deviam pedir desculpas para Theo e para mim. Volta a funcionária dizendo que o avião só vai partir com aval do médico. As pessoas começaram a se manifestar muito. Minha mãe, que estava controlada até então, levantou. Afinal de contas, meu filho passaria por uma análise de um médico que iria até nosso assento para avaliá-lo! Surreal! Quando o médico chegou, falamos: ele tem uma deficiência genética! Epidermólise bolhosa! E o médico fala: Ah! Epidermólise bolhosa! Não tem problema nenhum. O cenário dentro do avião era: quase todos os passageiros em pé, indignados, vindo falar comigo, com meu filho. Super chateados. Muitos tinham conexão e estavam perdendo suas conexões. Ja tinham 40 min de atraso. O médico foi falar com o comandante. Mesmo assim, o comandante disse que nós só viajaríamos se ele, o médico, fizesse atestado. Aí não tinha papel, não tinha carimbo... Pegou um papel branco sem nada timbrado e fez o atestado. Minha vontade era descer do avião e quando disse 'quero sair daqui', a mesma mulher, a primeira a gritar sobre o MP, disse q se nós saíssemos do avião, todos desceriam conosco. Me sensibilizei demais. Estavam todas as pessoas do avião super solidárias, preocupadas com o constrangimento com o Theo. Resolvi ficar no avião. Nisso já passava 1 hora de atraso e o constrangimento mega. Theo me viu chorando. Tentei disfarçar que o avião inteiro não estava atrasado por causa dele. Sei que ele percebeu. Sei q ele é mais forte do que esse bando ignorante. Estou muito triste. Chegaria no Rio 13h50. São 14h50 e ainda estamos no ar. Devemos chegar às 15h30. Chegamos no Rio às 16h10. Como deve ser abordada uma pessoa com um problema de saúde aparente?".

Em nota à imprensa, a GOL disse cumpriu rigorosamente as recomendações do Manual Médico da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
São Paulo, 20 de agosto de 2013 - A GOL Linhas Aéreas Inteligentes esclarece que, buscando assegurar o bem-estar de todos os passageiros a bordo do voo G3 1556 (Salvador - Rio de Janeiro), realizado na última segunda-feira, 19, cumpriu rigorosamente as recomendações do Manual Médico da IATA (sigla em inglês da Associação Internacional de Transportes Aéreos) e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A companhia ressalta que, visando a segurança de um dos passageiros deste voo, bem como de todos a bordo, solicitou um atestado médico. Na falta deste documento, um médico foi acionado.
Lamentamos profundamente os transtornos causados à família com relação à forma como foi conduzido o cumprimento de tais recomendações. A estes e aos demais passageiros, pedimos sinceras desculpas.

Vale ressaltar que todas as medidas relacionadas a este caso foram tomadas com o único objetivo, prezar pelo respeito e bem-estar de todos a bordo e seguir rigorosamente os padrões de segurança.

O Ministério Público Federal afirmou que a família pode fazer a denúncia por meio do Digi Denúncia ou procurar o Serviço de Atendimento ao Consumidor da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Se o prazo para resposta não for cumprido pela ANAC, a família pode denunciar a agência reguladora no Ministério Público, que vai analisar o caso e decidir de que forma deve atuar.

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